Estudo feito em conjunto por pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) e do QuintoAndar mostra que a rentabilidade dos imóveis residenciais atingiu um patamar expressivo em 2024. O retorno financeiro chegou a 19,1% ao ano, resultado da soma do rendimento estimado com o aluguel (6,2%) e da média de valorização dos imóveis no período (12,9%).
É a primeira vez que pesquisadores do FGV IBRE, um dos mais renomados institutos de análises econômicas do país, e do QuintoAndar, a maior plataforma de moradia da América Latina, realizam um estudo em parceria.
"A análise desenvolvida sugere que a combinação entre valorização patrimonial e renda gerada pelo aluguel posiciona o imóvel residencial como uma opção competitiva de investimento no contexto pós-pandemia", afirma André Braz, economista do FGV IBRE.
De 2020 a 2024, o rendimento médio ao ano para os aluguéis residenciais cresceu, chegando ao patamar de 6,2%. Para aferir esse valor, foram considerados os dados de anúncios e contratos fechados pelo QuintoAndar. Já para calcular a rentabilidade total bruta, foi utilizado também o Índice Geral do Mercado Imobiliário Residencial (IGMI-R), indicador da Associação Brasileira das Entidades de Crédito
Imobiliário e Poupança (Abecip), feito em parceria com o FGV IBRE, que estima a variação de preços de venda a partir de laudos de financiamentos imobiliários fornecidos pelos bancos. Essa alta foi de 12,9% em 2024. Isso significa que um apartamento de 50 m², que tenha sido comprado por R$ 365 mil há um ano, teria rendido, em média, quase R$ 70 mil em 2024 (com o aluguel mais a potencial valorização do imóvel).
"O estudo proporciona insights valiosos sobre a dinâmica de oferta e demanda no setor, ajudando a identificar áreas ou períodos em que o mercado apresenta maior potencial de retorno sobre o investimento. A elaboração de uma análise construída a partir de uma estimativa de rentabilidade é uma contribuição relevante do QuintoAndar e do FGV IBRE para a democratização de informações sobre o mercado imobiliário", afirma Thiago Reis, gerente de Dados do Grupo QuintoAndar.
Além de quantificar o rendimento do aluguel residencial, o chamado rental yield, e calcular a rentabilidade total dos imóveis, o estudo também teve como objetivo explorar os fatores que impulsionaram a valorização do mercado de locação, analisar a interação entre custos de construção e os preços de aluguel e fornecer subsídios para a formulação de políticas públicas e decisões de investimento.
Na análise feita pelos pesquisadores, é possível perceber uma recuperação consistente no valor dos aluguéis no Rio de Janeiro nos últimos anos. "Isso mostra o aquecimento gradual do mercado, reforçando a resiliência do setor e demonstrando a grande importância deste tipo de acesso de moradia no cenário econômico atual, além de indicar uma alternativa a ser considerada pelo investidor", diz o economista do FGV IBRE.
Rentabilidade nas capitais
No fim, o estudo mostra que a rentabilidade total bruta nas capitais é alta:
Em SP, em 2024, a estimativa chegou a 17,2% ao ano
No Rio, a rentabilidade total ficou em 12,9% ao ano
Em BH, houve uma rentabilidade estimada em 26,6% no ano passado
"Ainda que seja preciso levar em conta a questão da liquidez, quando comparada a títulos financeiros, é possível dizer que o imóvel residencial apresenta um desempenho bastante robusto, com uma boa expectativa de ganho no horizonte de médio e longo prazo. A característica de proteção contra a inflação, renda periódica via aluguel e potencial de valorização patrimonial reforça o papel estratégico do mercado imobiliário residencial como uma interessante alternativa complementar de investimento", afirma André Braz.
Mercado mais eficiente e competitivo
Segundo os pesquisadores, a estimativa da rentabilidade no setor imobiliário residencial facilita o entendimento dos impactos de fatores econômicos, como inflação, taxas de juros e custos de construção, e apoia a formulação de políticas públicas e estratégias de investimento mais assertivas, contribuindo para um mercado mais eficiente e competitivo.
"O estudo revela que o setor ainda está abaixo do seu potencial total de transações, dada a falta de acessibilidade ao crédito para grande parte da população. Para equilibrar o mercado e torná-lo mais inclusivo e eficiente, é primordial enfrentar o déficit habitacional do país. Isso pode ser feito por meio de políticas que ampliem a oferta de imóveis, especialmente nas grandes capitais, e medidas que facilitem o acesso ao crédito imobiliário, tornando a compra de imóveis mais acessível para famílias e estimulando o volume total de transações no mercado", afirma Thiago Reis.
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